Inflação já contamina rendas de casa e vai alastrar
A subida forte dos preços no consumidor já está a contaminar muitos outros segmentos de bens e serviços, incluindo as rendas de casa, avisa o Banco de Portugal (BdP), no boletim económico de maio, ontem publicado.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) já tinha alertado para este fenómeno de contaminação na semana passada e agora foi a vez do banco central governado por Mário Centeno reiterar o alerta.
Segundo o novo trabalho do BdP, "uma análise complementar - que decompõe a inflação total observada nas variações de preços dos itens elementares classificados por grau de volatilidade histórica dos respetivos preços - aponta para que as pressões ascendentes estejam a transmitir-se aos preços das componentes tipicamente mais estáveis".
"A subida da inflação no período recente é explicada em larga medida pelo quartil [25% das observações feitas ao nível dos preços] de maior volatilidade. No entanto, a variação homóloga média dos preços nos quartis de menor volatilidade também aumentou no final de 2021 e início de 2022".
Estes conjuntos de preços de bens e serviços mais estáveis e que até agora pareciam mais imunes à subida da inflação da energia e alimentar "incluem, por exemplo, alguns serviços de educação e saúde, as rendas e os restaurantes e cafés", diz um estudo inserido no boletim.
Uma comparação com a zona euro ao nível das medidas apresentadas "aponta para uma tendência ascendente da inflação similar à observada em Portugal" pelo que é "importante continuar a monitorizar estas medidas, a par de outros indicadores relevantes de pressões inflacionistas, com destaque para os salários e as expectativas de inflação", aconselha o BdP.
A inflação homóloga em Portugal acelerou para 7,2% em abril, "o valor mais elevado desde março de 1993", revelou o INE na semana passada.
Inflação já contamina rendas de casa e vai alastrar (dn.pt)