A corrupção constitui um crime muito grave, na medida em que coloca o Estado ao serviço de interesses particulares. Quando a corrupção atinge membros de um Parlamento a situação assume foros de gravidade extrema, uma vez que os representantes eleitos do povo abdicam da tarefa de o representar, colocando assim em causa a própria democracia.

É por isso que é extremamente preocupante a notícia de que a Vice-Presidente do Parlamento Europeu teria sido corrompida para tomar posições favoráveis ao Catar. Apesar de tudo, as instituições europeias terão reagido à notícia de forma adequada. A Presidente do Parlamento retirou-lhe imediatamente as competências que lhe tinha delegado, e o grupo dos Socialistas Europeus procedeu à sua expulsão da bancada.

Perante uma suspeita com esta gravidade, ninguém ficou à espera do desfecho do processo judicial em curso para tomar medidas em defesa das instituições. Mas isso não basta. A credibilidade do Parlamento Europeu ficou altamente lesada, sendo esse o principal órgão da União eleito democraticamente. É por isso essencial que seja devolvida aos cidadãos europeus a confiança nas instituições. Há um grande trabalho a fazer para conseguir esse objetivo.

Luís Menezes Leitão, Bastonário da Ordem dos Advogados