O impacto da mortalidade foi tal que a esperança de vida à nascença recuou 4,8 meses para os homens (77,67 anos) e 3,6 meses para as mulheres (83,37 anos), contrariando a tendência de crescimento que se verifica há décadas.
Ao mesmo tempo, pela primeira vez, nasceram menos de 80 mil bebés (79.582). Durante a anterior crise económica e financeira, a natalidade também desceu, mas, ainda assim, houve cerca de 82 mil nascimentos em 2013 e 2014. Desta vez, com o impacto da pandemia, Portugal registou a natalidade mais baixa de sempre, o que resultou num recorde negativo do saldo natural.
Para 2021 ainda não se conhece o saldo migratório, que tem sido positivo desde 2017. No primeiro ano de pandemia, a emigração recuou para os níveis mais baixos em 20 anos, de acordo com o Observatório de Emigração, que estima o número de saídas de portugueses a partir dos dados de entradas publicados pelos países de destino. Em 2020, terão sido 45 mil os portugueses a emigrar, cerca de metade dos 80 mil que saíam nos anos anteriores à pandemia.
Ainda que as estatísticas do INE apontem para uma nova diminuição da emigração em 2021, os dados recolhidos pelo Observatório da Emigração já dão sinais de que o número possa estar a aproximar-se do que se verificava antes da pandemia. “Ainda não temos uma estimativa global para 2021, mas todos os dados que têm sido disponibilizados pelos países de destino indicam que já houve uma recuperação em relação a 2020 para números próximos dos da pré-pandemia”, refere Rui Pena Pires, coordenador do Observatório.
Impacto da Pandemia
Os dados recolhidos pela Pordata, partilhados esta segunda-feira, mostram ainda o impacto da pandemia noutras áreas.
Em 2021, o endividamento das empresas continuava 3,7% acima do ano anterior e o número de desempregados era 22,9% superior ao período pré-pandemia. Por outro lado, apesar de as despesas de consumo das famílias e os levantamentos em caixas Multibanco darem sinais de melhorias em relação a 2020, ainda se mantiveram aquém da normalidade, com diferenças de -5,7% e -19%, respetivamente.
Já no que toca às comunicações, a maior necessidade de meios digitais durante os confinamentos levou a um aumento da percentagem de famílias com ligação à internet, passando de 80,9% em 2019 para 87,3% em 2021. Quanto à Cultura, no ano passado já houve aumento do número de espectadores de cinema (44%), mas continuou a ser cerca de um terço do que se registava antes da pandemia.
Raquel Albuquerque
(artigo atualizado às 10h49)