Ciberbullying está a aumentar e a 'deixar de rastos' centenas de crianças e jovens
Os últimos dados da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima indicam que são as crianças e jovens as principais vítimas de bullying, que acontece sobretudo na escola. A Internet espalha o fenómeno e torna-o mais perigoso.
A psicóloga da APAV -- uma das associações em Portugal aderem a esta iniciativa -- caracteriza o bullying para uma melhor compreensão do problema, que afeta sobretudo crianças e jovens entre os 11 e os 17 anos, numa percentagem de 55,1% dos casos. "O bullying consiste em comportamentos de agressão entre pares e com uma continuidade no tempo. Depois, pode haver violência física, verbal, social e outro registo, que tem vindo a aumentar muito, sobretudo desde a pandemia, que é o ciberbullying e que perturba muito mais as vítimas".
As principais vítimas de bullying são as raparigas, com 51,1% dos casos. As agressoras são, normalmente, outras miúdas e, neste caso, as agressões são "sobretudo verbais e psicológicas". Entre rapazes "o bullying é mais físico", acrescenta a psicóloga da APAV.
O concelho de Lisboa é o mais afetado do país, segundo os dados do último relatório da APAV, referentes ao biénio 2020/22, com uma prevalência de 29,1% dos casos. Só neste ano, que ainda não acabou, já foram reportados à Guarda Nacional Republicana (GNR), em todo o país, 140 casos, que incluem bullying e ciberbullying.
Os casos de bullying acontecem "sobretudo em ambiente escolar e no segundo ciclo do ensino básico". Apesar de tudo, a maior parte das situações acompanhadas pela APAV "são de violência verbal. Mas, sem dúvida, que o ciberbullying é cada vez mais preocupante e estamos muito atentos a essa situação, no nosso país, mas também no resto do mundo", assume a psicóloga Patrícia Ferreira.
Do lado dos agressores, por estranho que possa parecer, o perfil é idêntico. "Normalmente, têm o mesmo tipo de características. Também têm baixa autoestima, por exemplo, e veem no bullying uma forma de exercer poder sobre os outros e, sobretudo, de chamar a atenção sobre si próprios. São, por norma, crianças com problemas de comportamento sérios e, elas próprias, precisam de ajuda". Por isso, Patrícia Ferreira aconselha os pais dos agressores a tomarem uma atitude, para bem dos seus filhos. "Devem procurar ajuda. Essas crianças também não estão bem, sobretudo em termos de gestão emocional e da frustração. É por isso que se geram estes comportamentos agressivos", conclui.