Porto aprova por maioria revogar regulamento do Alojamento Local
A proposta contou com o voto favorável dos vereadores do movimento independente, do PSD e o voto contra do PS, CDU e BE.
De acordo com o vereador da Economia da Câmara do Porto, com o programa Mais Habitação, o Regulamento Municipal para o Crescimento Sustentável do Alojamento Local "é completamente destruído por uma lógica hipercentralista".
"Esta lei é tão má que mistura tudo", disse Ricardo Valente, acrescentando que "o Governo destruiu o regulamento de qualquer município".
"Este regulamento, a partir de hoje, não é nada porque não há zonas de suspensão, há uma suspensão de apartamentos e prédios em propriedade horizontal", destacou.
Em causa está o programa Mais Habitação que, segundo a proposta hoje aprovada, "vem criar uma enorme confusão no que concerne ao exercício desta atividade económica e do funcionamento das competências municipais, uma vez que retira competências ao município do Porto em várias matérias de decisão no âmbito do Alojamento Local".
O programa do Estado pressupõe a suspensão do registo de novos alojamentos locais fora dos territórios de baixa densidade e uma contribuição extraordinária sobre este negócio.
Pelo PSD, a vereadora Mariana Macedo concordou com a decisão da maioria, destacando que com o programa governamental "o regulamento deixa de ter utilidade".
"A legislação é errática, mais uma vez o Governo não adequou os seus instrumentos (...). Face às circunstâncias, este regulamento deixa de ter utilidade", destacou.
Também o presidente da Câmara do Porto criticou a "ideia absurda [do Governo] de criar regras e não regulamentos", considerando que se o antigo ministro Pedro Nuno Santos ainda fosse ministro "isto não tinha acontecido".
Já o vereador Tiago Barbosa Ribeiro, do PS, defendeu que "a possibilidade de os municípios definirem áreas de contenção em cima do Mais Habitação persiste", destacando que o respetivo artigo não foi revogado pelo Governo.
Pelo BE, a vereadora Maria Manuel Rola considerou que a revogação demonstra que o executivo "não pretende regular esta atividade", defendendo que o regulamento deveria ser "revisto e não revogado" face às alterações que pressupõe o programa Mais Habitação nesta matéria.
Também a vereadora Ilda Figueiredo, da CDU, afirmou que, apesar do programa Mais Habitação não resolver nenhum problema "na prática" e implicar mais competências para os municípios, a legislação "não impede que exista um regulamento na autarquia".
O regulamento do Alojamento Local entrou em vigor a 04 de maio e diferenciava áreas de crescimento sustentável e áreas de contenção, mediante a pressão urbanística de cada freguesia, tendo por base o número de fogos disponíveis para habitação permanente ou arrendamento de longa duração e os estabelecimentos disponíveis para Alojamento Local.
Os territórios que apresentassem um rácio de pressão igual ou superior a 15% eram considerados "áreas de contenção", enquanto os territórios com um rácio de pressão inferior a 15% eram considerados "áreas de crescimento sustentável".
A instalação de novos AL nas áreas de contenção poderia, contudo, ser autorizada "excecionalmente" se implicassem operações urbanísticas relativas a novos edifícios ou a edifícios objeto de obras de conservação que o município "considerasse de especial interesse para a cidade".
A criação do novo regulamento iniciou-se a 02 de novembro de 2022 e justificou a suspensão de novos registos de AL nas freguesias do centro histórico e do Bonfim, que esteve em vigor até 27 de abril, dia em que foi deliberada a sua aprovação pela Assembleia Municipal do Porto.
O regulamento foi aprovado por maioria tanto no executivo como na Assembleia Municipal do Porto.