Violência doméstica: Crianças fazem denúncias na escola e à CPCJ
Escolas mais atentas a sinais de violência. Vítimas pedem ajuda diretamente às instituições.
As instituições que lidam com crianças e jovens estão cada vez mais atentas ao fenómeno da violência doméstica. Em dez anos, as escolas sinalizaram 27 casos que passaram a ser acompanhados pelo Gabinete de Atendimento e Informação à Vítima (GAIV) da PSP do Porto. Muitas situações foram denunciadas diretamente por meninas e meninos, não só aos professores como também às comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ). Descrevemos, em seguida, três desses episódios.
Escola
Irmã denuncia agressão do pai
Um menino, com 6 anos, apresentou-se na escola com um olho negro, mas não revelou a ninguém o que tinha sucedido para ter aquele ferimento. Chamada à escola, a mãe afirmou que a criança tinha sido atingida por um brinquedo atirado por um dos irmãos. Não era verdade e só a irmã da vítima, de 4 anos e que frequentava o mesmo estabelecimento de ensino, confessou à professora que o rapaz tinha sido atingido a soco pelo pai. O agressor foi, de imediato, investigado pelos polícias do GAIV.
CPCJ
Institucionalizada a seu pedido
Aos 15 anos, uma rapariga dirigiu-se diretamente à CPCJ para denunciar a mãe adotiva. Revelou que era insultada e humilhada, em frente a familiares, desde pequena. Contou, ainda, que a violência que sofreu ao longo de vários anos a levou a automutilar-se mais do que uma vez e que a mãe sabia de tudo. Porém, a progenitora menosprezava os ferimentos autoinfligidos pela adolescente e até a insultava por isso. A vítima foi retirada de casa e institucionalizada a seu pedido.
CPCJ
Expulsa da casa pela mãe
Uma rapariga, também com 15 anos, foi expulsa de casa pela mãe, durante a madrugada e apenas com uma mala com poucas roupas, quando a progenitora descobriu que tinha começado a namorar. O resto da noite foi passado na casa de uma amiga, mas, na manhã seguinte, a adolescente dirigiu-se à CPCJ para denunciar a situação. Revelou, então, que passou a ser agredida desde que começou a frequentar a escola. A razão era só uma: as más notas. Por esse motivo, era atingida a chinelo, com um cinto e chegou a ser pontapeada. Na maioria dos fins de semana, ficava sozinha na habitação e confecionava as suas refeições, porque a mãe saía para se divertir.