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Crimes contra a integridade física e contra a vida: criminalidade juvenil subiu 50%, polícias apontam o dedo ao hip hop e ao drill

Os casos detetados pelas autoridades de violência juvenil subiram no ano passado em 50%, de acordo com os dados do último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI). Concretamente, de 1120 para 1687 participações ou queixas às forças policiais.

Esta violência protagonizada por grupos juvenis entre os 15 e 25 anos tem duas origens: uma é motivada por rivalidades entre grupos de jovens, por motivos fúteis entre bairros; a outra, mais dura, envolve grupos criminosos organizados, que se dedicam ao tráfico de droga, cuja motivação é exclusivamente o controlo desse negócio ilegal, o território, rotas de abastecimento e espaços de influência.

Para as forças policiais, a dinâmica destes grupos passa pela lealdade e de identificação a pertença a um determinado espaço geográfico, por norma, bairro, escola, ou identificação com uma banda. O documento, a que o Expresso teve acesso, salienta que estes grupos têm como principal forma de expressão a gravação, edição e publicação de videoclips em que são referidas as vivências dos membros do grupo, as áreas ou bairros de que são originários e podem ter uma identidade grupal expressa através de sinais, tatuagens, cores ou agregadores digitais (as denominadas hashtags nas redes sociais).

O drill de Londres a Chicago

Ainda sobre os vídeos de música, sobretudo do drill (um subgénero do hip-hop mais pesado), apontam para referências geográficas (a uma determinada zona ou bairro), referências “hiperlocais e hiperpessoais”, sinais associados ao grupo ("autodenominado como gang") ou “sinais antigangue”, assim como, referências à atividade ilícita dos grupos, como a posse de armas e de droga. "Estes videoclips acabam por potenciar, ainda que indiretamente, as dinâmicas intergrupais, já que se tem assistido a uma série de ocorrências – crimes contra a integridade física e crimes contra a vida – envolvendo membros destes grupos", salienta o relatório.

As polícias destacam que este tipo de violência associado ao território, música e videoclipes inspira-se no que se passa nos bairros metropolitanos de Londres e até a origens mais remotas como o que se passou em Chicago, em 2010.

O primeiro impacto deste fenómeno na sociedade, acrescenta o RASI 2022, ocorre ao nível da alteração da ordem pública, alarme social e, consequentemente, no sentimento de insegurança, uma vez que, "pela violência empregue nas ocorrências registadas, não raras vezes, verifica-se uma mediatização dos casos suscetível de potenciar perceções de insegurança".

Recentemente, tem-se assistido a uma maior presença destes grupos em redes sociais, principalmente YouTube, Instagram e Spotify, “inserindo-se na economia da atenção e monetização de conteúdos, além da economia ilícita através de crimes contra o património ou, pontualmente, tráfico de estupefacientes”.

21/05/2025 10:05:30