Durante muito tempo, ser advogado significava uma carreira segura, respeitada e sem grandes sobressaltos. Quem seguia este caminho tinha a promessa de um futuro estável, onde o trabalho era valorizado e bem pago.

Mas os tempos mudaram, pelo menos desde o início do século. Hoje, a Advocacia enfrenta uma nova realidade, com maior concorrência, maior complexidade legal, perda de atos próprios, adaptação a novas tecnologias, etc.

Há algo, porém, que torna esta realidade ainda mais dura: a falta de direitos sociais. A doença, a parentalidade ou a quebra abrupta de rendimentos são situações sem rede de apoio, num caso único no nosso país.

Antes de sermos Advogados e Advogadas, somos pessoas com as mesmas vicissitudes de todas as outras: temos doenças que nos impedem de trabalhar, temos filhos e familiares para cuidar, e podemos perder rendimentos inesperadamente.

No século XXI, a Advocacia não precisa apenas de ferramentas digitais ou inteligência artificial. Precisa, antes de mais, de direitos sociais que garantam condições dignas a quem defende os direitos dos outros.

Fernanda de Almeida Pinheiro, Bastonária da Ordem dos Advogados