Confiar na justiça
Na semana transata assistimos a um país dividido pelo falecimento de um cidadão na sequência de uma perseguição policial, situação que, independentemente dos contornos que se vierem a apurar, é sempre de lamentar.
Pessoas com responsabilidade política e cívica, nos dois lados da barricada, precipitaram-se e excederam-se claramente nas declarações e acusações públicas sobre o caso, do qual ainda não sabemos todos os factos, extremando posições e contribuindo para a revolta expressa em atos de vandalismo injustificável.
Aos políticos cabe sobretudo arranjar soluções para os problemas, apontar caminhos que mudem as coisas para melhor, e é nisso que se deviam concentrar neste momento.
Vivemos num país onde, apesar de todos os defeitos, a Justiça ainda funciona e oferece garantias de um processo justo, quer para as vítimas quer para os arguidos.
As regras do Estado de Direito democrático são iguais para todos, polícia e cidadãos. Há que respeitar e compreender a dor de todos os envolvidos, mas podemos ter a certeza de que os factos vão ser apurados e decididos de acordo com a lei.
Fernanda de Almeida Pinheiro, Bastonária da Ordem dos Advogados