Atropelamento, criança, justiça 

Um condutor, uma noite chuvosa, uma tragédia na passadeira. A vítima surge de repente; o carro segue, traído por visibilidade quase nula e piso escorregadio.

As investigações, isentas e rigorosas, referem ausência de excesso de velocidade, álcool ou distração.

Não bastando emoções, cabe ao direito decidir: absolvição na falta de prova da culpa do condutor.

A lei distingue entre dolo — querer o resultado — e negligência. O tribunal pergunta: haveria alguém, no lugar daquele condutor, que agisse de modo diferente?

Mesmo cumprindo a norma, há tragédias inevitáveis?

E se fosse consigo? Numa era de julgamentos rápidos, sobra a dúvida: seria justo condenar quem não podia evitar o acidente?

A justiça navega entre razão e emoção.

E se estivesse no lugar do condutor, encontraria a resposta à medida da sua consciência ou da sociedade?

Onde termina a responsabilidade e começa o infortúnio?

João Massano, Bastonário da Ordem dos Advogados

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14/11/2025 03:41:52