Dia Internacional das Mulheres | 8 de Março de 2022

Dia Internacional das Mulheres | 8 de Março de 2022

8 de Março, dia Internacional das Mulheres, dia em que se comemoram as conquistas de todas as mulheres, dia em que devemos olhar para os direitos humanos com outros olhos e celebrar a coragem e determinação de quem ajudou a reescrever os seus direitos.

Neste dia, em 1857 uma manifestação espontânea, levada a cabo por trabalhadoras do sector têxtil da cidade de Nova Iorque, em protesto contra os baixos salários, contra a jornada de trabalho de 12 horas e o aumento de tarefas não remuneradas e que foi reprimida pela polícia de uma forma brutal e da qual resultaram muitas mulheres mortas.

Apesar do primeiro dia internacional da mulher ter surgido na Europa e nos Estados Unidos da América, no final do século XIX, só em 1975 foi instituído como Dia Internacional das Mulheres, pelas Nações Unidas actualmente, a data é comemorada em mais de 100 países.

A Igualdade de oportunidades entre os homens e as mulheres é crucial para garantir a sustentabilidade de uma economia e de um país. Decorridos 169 anos do protesto de Nova York e de acordo com a previsão feita pelo Fórum Económico Mundial no período pré-Covid serão necessários mais 257 anos para eliminar a desigualdade de género no mundo manifestada em vários níveis, étnico, social, político e socioeconómico sendo uma delas a disparidade salarial.

Em 2020 segundo dados divulgados pelo Eurostat no âmbito do Dia Internacional da Mulher Portugal tinha 36% de mulheres em cargos de gestão no terceiro trimestre de 2020, ligeiramente acima dos 34% da média da União Europeia sendo a maior percentagem registada na Letónia 45% e Polónia 44%, seguidas pela Bulgária, Hungria, Eslovénia e Suécia 42% cada. No extremo oposto da escala, as mulheres representam apenas cerca de um quarto dos gestores na Croácia 24%, Holanda 26% e Chipre 27%.

Apesar do aumento de mulheres em cargo de gestão ter aumentado em Portugal, em 2021 a diferença salarial era de 23%.

A percentagem de mulheres nos parlamentos de todo o mundo duplicou nos últimos 25 anos, passando de 11.3% em 1995 para 24,8% em 2020, segundo a União Interparlamentar. A mesma organização refere que em 1995 nenhum país havia atingido a paridade de género e, este ano, quatro países têm representação de 50% de mulheres. O Ruanda é o país do mundo com mais mulheres nos parlamentos com 67%, mas apesar disso são impedidas de concorrerem à presidência do país. A solidariedade entre ruandesas é uma estranha herança do genocídio, que obrigou meio milhão de viúvas que ficaram sós e sem recursos a se unirem para sustentar para tirar seus filhos. Um provérbio tradicional ruandês diz que "as galinhas não cacarejam quando há um galo adiante", mas as mulheres deste país tornaram o ditado obsoleto para assumir a responsabilidade em muitos âmbitos da sociedade e da política.

Ao contrário do Ruanda, a Nigéria, com duzentos milhões de habitantes, considerada a maior democracia de África tem apenas 6% de mulheres exercem cargos políticos.

Portugal tem mais mulheres no Governo e no parlamento que a média da EU segundo dados relativos a 2020, publicados pelo Eurostat (Serviço de Estatística da UE), que refere que um em cada três membros dos parlamentos e dos governos do espaço europeu eram mulheres, um aumento de 13% em relação a 2004. Já o número de chefes de estado e de governo era apenas quatro, Alemanha, Dinamarca, Estónia e Finlândia, e a nível mundial são apenas 25.

Ainda há um longo caminho a percorrer!

 

Neste 8 de Março, não esqueçamos as meninas e mulheres do Afeganistão, que com o regresso do regime talibã, voltaram a não poder ir à escola, fazer desporto ou trabalhar e ainda aquelas desaparecidas ou assassinadas por ousarem continuar a lutar pelos seus direitos.

Em Bruxelas, o Parlamento Europeu voltou a lembrar a luta das mulheres do Afeganistão - finalistas do Prémio Sakharov - pelos direitos humanos.

António Guterres, a propósito de desaparecimento de quatro activistas desaparecidas, Tamana Paryani, Parwana Ibrahimkhail, Mursal Ayar e Zahra Mohammadi, detidas a 3 de fevereiro, dias depois de terem participado num protesto a favor dos direitos ao trabalho e à educação por parte das mulheres, disse “Estou cada vez mais preocupado com o bem-estar das activistas desaparecidas no Afeganistão. Várias ‘desapareceram’, algumas sem darem notícias há várias semanas. Peço aos talibãs para que garantam a sua segurança, para que possam regressar a casa”.

01/06/2025 12:32:27